Fórmulas versus Receitas: Qual a melhor forma de enxergar a produção do Ensino a Distância?

Reuniões para produção e desenvolvimento de ensino a distância são cheias de perguntas relacionadas a índices e fórmulas: “Quantas horas de treinamento são geradas por um determinado número de páginas?”, “Qual a carga horária online de um treinamento presencial de 08 horas?”, além de muitas outras questões do tipo. Antes de responder essas questões com a resposta mais temida por todo contratante e representante comercial (“Depende” — e de fato depende de uma série de fatores), precisamos estabelecer uma coisa: EaD é uma área de Receitas, não uma área de Fórmulas.

Mas qual é a diferença afinal?

Você já parou para pensar como conceitos e práticas de determinadas áreas são estabelecidas? Na maior parte das vezes por costume, repetição (“sempre realizamos isso dessa forma”) e, com sorte, baseado em estudos e investigações mais profundas, com bases teóricas. Isso funciona assim em diversas áreas, e não é diferente na área de conteúdo digital e Ensino a Distância. Mas a maioria das empresas e dos seus empregados tende a enxergar esses procedimentos por um foco específico (fórmulas ou receitas) e isso faz total diferença nos resultados, procedimentos e custos de todo projeto de EaD.

Enxergar práticas e procedimentos de produção e desenvolvimento como fórmulas, tem foco na eficiência. Quando acreditamos que existem fórmulas a serem seguidas, acreditamos que existe apenas uma maneira correta e convencionada de se atingir um determinado objetivo. Por isso, quando queremos melhorar, investimos em maneiras mais eficientes de fazê-lo: mais rápido, mais barato, focando na produtividade e na qualidade de execução de todas as tarefas.

Já quando encaramos essas práticas e procedimentos como receitas, nosso foco está na eficácia — escolhemos uma receita adequada aos nossos objetivos, sabemos os ingredientes necessários, mas temos liberdade suficiente para modificar, adaptar e inovar. Quando encaramos as atividades e procedimentos como receitas, nosso foco não está em fazer mais rápido, fazer mais barato, ou ter mais produtividade nesse, ou naquele processo: mas começamos a nos fazer perguntas como: “Isso é realmente necessário?”, “Precisa ser mesmo feito dessa forma?” — E muitas vezes descobrimos que essas pequenas alterações não impactam significativamente no resultado, e que às vezes até o melhoram.

E essa é toda base que me leva a temida resposta “Depende” que tanto aterroriza contratantes. Desconfio muito de quem tem resposta prontas para perguntas que envolvem análise, projeto e desenvolvimento de soluções. Raras vezes quando o cliente chega numa empresa de Ensino a Distância, ou contrata diretamente um profissional para realizar o Design Instrucional de um curso, ele tem uma boa ideia do que pode ser feito, por quanto tempo ou dinheiro, de que forma, envolvendo que mídias, etc. Cabe a esses profissionais oferecer todo um cardápio de opções e soluções possíveis. Respostas-padrão podem resolver uma hora ou outra, mas, utilizando a mesma metáfora, arriscamos oferecer um misto quente para quem pedia um banquete, ou um banquete para quem queria apenas fazer um lanchinho.

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