Modelo ADDIE de Design Instrucional

Tenho falado bastante sobre conteúdo nos últimos artigos — mas sinto que falta esclarecer, especialmente para as pessoas que estão começando na produção de cursos online (eLearning) e Ensino a Distância (EaD) em geral, sobre as fases de desenvolvimento de um material online, sob a lógica do Design Instrucional.

Um dos modelos de desenvolvimento mais utilizados é o ADDIE (que detalharei a seguir). Ele não é o único modelo, mas é um modelo que oferece um framework de desenvolvimento bem simples e completo de ser aplicado. E quanto mais cada um dos itens de cada etapa for trabalhado de maneira completa, melhor as chances do projeto correr de maneira suave. E é claro, o oposto também é verdadeiro: ignore, pule etapas ou trabalhe decisões em nível superficial em cada uma das etapas, e o desastre é quase garantido — a não ser que você tenha tempo e recursos ilimitados, que eu imagino não ser o caso.

Vamos ver as questões principais a serem trabalhadas em cada etapa?

Fonte: Obsidian Learning (https://bit.ly/2YPOnPj)

Analysis (Análise)

Antes de colocar qualquer coisa em andamento devemos entender o projeto que será desenhado — então nesta fase identificamos a nossa audiência, os objetivos de aprendizagem, definimos as opções tecnológicas de entrega, as considerações pedagógicas e andragógicas que devem ser feitas etc. Idealmente, começamos essa fase com um “Diagnóstico de Necessidades” e a terminamos com um “Plano de Curso” ou “Plano de Ensino” — uma planta executiva do que será desenvolvido.

Importante: algumas empresas e profissionais colocam o “Plano de Curso/Ensino” como entregável da fase de Design. Pessoalmente, prefiro trabalhá-lo na fase de análise para estabelecer um corte claro entre coleta de informações e o trabalho dessas mesmas informações.

Design (Desenho do Projeto)

Começamos essa fase com o Plano de Curso definido e seguimos para a composição de suas partes: produzimos conteúdo, roteiros, storyboards — além de estabelecer estratégias de aprendizado e verificação e, em alguns casos, definir o processo de contato do usuário com o material (interfaces e processos). É nessa fase também que estabelecemos alguns protótipos e fazemos decisões de design gráfico e níveis de recursos tecnológicos utilizados.

Development (Desenvolvimento)

Durante o desenvolvimento as partes desenvolvidas na etapa anterior são reunidas — dependendo da solução planejada, são envolvidos produtores Web e Multimídia, Animadores, produtores de vídeo, estúdios de narração etc. A maneira como esta etapa irá se desenvolver está profundamente ligada a qualidade com a qual o projeto foi analisado e desenhado em etapas anteriores — quando informações essenciais estão faltando, ou foram mal esclarecidas, os obstáculos ao desenvolvimento aqui se tornam mais caros. Imagine, por exemplo, perder um dia de gravação em estúdio porque um determinado termo no roteiro ainda não foi aprovado. É triste, mas infelizmente, acontece.

Implementation (Implementação)

O curso desenvolvido é colocado em seu ambiente final (plataforma de ensino, website ou rede local na qual será acessado). Nessa fase os esforços devem se concentrar não no material em si, mas em facilitar seu uso para o público final — facilitando acesso, oferecendo suporte a potenciais dúvidas etc.

Evaluation (Avaliação)

Durante a etapa de avaliação — que deve ficar claro, é um processo contínuo — verificamos se os objetivos estabelecidos para o material foram atingidos e, se não foram, as possíveis correções necessárias para que ele atinja seu objetivo. Não existe apenas um vilão nessa história: cursos que falham em atingir seus objetivos normalmente carregam falhas de uma etapa de desenvolvimento para outra, sem que tenham sido detectadas. Por isso é tão usual a utilização de uma “turma piloto” para avaliar a aplicabilidade do material antes que ele seja disponibilizado em larga escala.

A beleza desse modelo de desenvolvimento é que, embora possa parecer complexo em um primeiro momento, é um processo de fácil internalização — e que é continuamente aprimorado em novos desenvolvimentos. Independente do conteúdo, ele oferece uma estrutura sólida para que criatividade e aplicação prática possam caminhar juntos sem enlouquecer os profissionais envolvidos.

E como diz a Pixar:
“Trust the Process” ou “Confie no Processo”.

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